A investigação prosseguiu com entrevistas realizadas com consumidoras dos produtos da Avon. O principal objetivo dessa pesquisa foi conseguir chegar a um resultado mais completo e preciso sobre as impressões e implicações do uso do anglicismo pela comunidade que revende e utiliza esses cosméticos, fazendo uma comparação qualitativa e quantitativa em relação à coleta de dados obtidos na primeira entrevista. As consumidoras que foram entrevistadas apresentam um padrão de freqüência de consumo que varia entre quinze dias a três meses de intervalo para cada nova compra.
As consumidoras foram questionadas sobre o que elas acham sobre o uso de estrangeirismos nos nomes dos cosméticos e 20% disseram ser interessante, pois chamam mais a atenção do consumidor, 32% disseram ser indiferente quanto aos nomes estrangeiros, já 48% disseram não ser favorável ao uso dos estrangeirismos, e deram como justificativa o fato de se sentirem constrangidas quando precisam se referir ao produto pelo nome:
Pesquisador – Qual sua opinião sobre a Avon em relação ao uso de nomes estrangeiros em seus produtos?
Consumidora1 – Eu não gosto porque a pronúncia se torna mais difícil, e às vezes quero pedir um produto que eu já conheço, mas não sei dizer o nome pra revendedora.
Consumidora 2 – Às vezes ajuda, às vezes atrapalha, porque as pessoas que compram avon geralmente não sabem pronunciar nomes estrangeiros, então acho q isso atrapalha...
Ao perguntar se elas se preocupam em saber o significado dos nomes dos produtos que compram 24% afirmaram que sim e 12% delas disseram que às vezes se preocupa com isso, contra 64% que declarou nunca se preocupar em saber o significado dos nomes dos produtos que utilizam e ainda completaram dizendo que o importante é a qualidade do produto que estão comprando e 68% das consumidoras confessaram ter problemas para ler as instruções e composição química dos produtos por estarem em língua estrangeira, por esse motivo preferiam que a empresa repensasse o excesso de estrangeirismo.
Entretanto quando foi perguntado se o fato dos produtos terem nomes estrangeiros causavam um sentimento de maior prestigio e status social 24% disseram que não, contra 76% que afirmaram ter necessidade de usar um produto importado.
Pesquisador - Você acha que pelo fato dos produtos terem os nomes estrangeiros traz um sentimento de maior prestigio e status social? Por quê?
Consumidora 1 – Com certeza sim, porque como é importado o povo acha que tem mais valor e se os nomes fossem em português as pessoas não dariam tanta credibilidade, mas como o nome tem origem de outro país tem uma grande influência no momento da compra.
Consumidora 2 – Acho que sim, porque antigamente os produtos da Avon estavam um pouco decaídos, e eles começaram a colocar nomes estrangeiros para chamar mais atenção dos consumidores, de uns tempos pra cá os produtos ficaram mais bonitos e a qualidade também melhorou muito.
Se por um lado há certa rejeição das consumidoras devido aos nomes de origem inglesa nos produtos, por outro existe uma aceitação muito maior, pois o desejo de adquirir um produto que também é usado nos Estados Unidos é latente nas consumidoras “quando vejo aquela atriz de cinema lindíssima usando as maquiagens da Avon me da logo vontade de comprar os lançamentos do mês” declarou uma consumidora. A atriz que ela se refere é a Reese Whiterspoon, 31 anos, que estrelou o longa metragem “Legalmente Loira” entre outros. Conforme informações do site da Revista Criativa, Whiterspoon fechou contrato em 2007 com a marca de cosméticos da Avon para ser garota propaganda e também ser porta voz das campanhas contra o câncer de mama e a violência domestica. Segundo Andréia Jung, executiva-chefe da Avon, a atriz é um exemplo de mulher, acessível e compartilha os sonhos e valores femininos. Em matéria publicada pela Revista Criativa On-line em 10/03/2010 informa que Reese Whiterpoon apresentou nesta data em Washington, nos Estados Unidos, o “Anel da Atitude”, que chega em uma campanha global contra a violência domestica, o lançamento estará disponível em maio com 1,1 milhão de revendedoras brasileiras e parte dos lucros vai para projetos nacionais relacionados à segurança da mulher.
http://revistacriativa.globo.com/Revista/Criativa/0,,EMI126324-17356,00-REESE+WITHERSPOON+CONTRA+A+VIOLENCIA+DOMESTICA.html
No campo do consumo, o argumento da mídia para despertar nas pessoas de todo o mundo o desejo de utilizar produtos que reflitam a realidade norte-americana é muito forte, como afirma Gois:
Essa presença revela uma crescente absorvição da cultura norte-americana, generalizadamente, como fruto do desejo de se estruturar um padrão de vida baseado no cotidiano americano. Evidencia-se um comportamento coletivo que permite às diversas áreas sociais e econômicas a exploração desse desejo como forma de imposição de determinados produtos, como é o caso da moda. (GOIS, 2009 fl. 04).
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